quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

FLOR...DELÍCIA...DELÍCIA DE FLOR!

Patrícia Ferreira


Quem diria que esse dia iria chegar, mas afinal de contas esse é o dia mais certo para quem nasce.Em pleno 2009 se foi a baixinha com nome de flor que faz parte do rol das pessoas pitorescas que passam pela vida da gente e deixam lembranças, lembranças que pensamos que vão ficar para sempre, mas o tempo amarela e faz desaparecer também as nossas memórias, como faz com as fotos antigas que vão se desmerecendo, perdendo o brilho, até desaparecer a imagem.Quero guardar essa lembrança da baixinha faceira, de voz grossa e chapeuzinho na cabeça, guarda-chuva pendurado no braço, que acompanhava os tempos e as trocas de moeda ao lado da porta do banco pedindo um pila, um cruzeiro, um real.Quero lembrar e lembrar e cansar de lembrar, até, até...até que meus netos quando me ouvirem contar sua história pensem que é uma invencionisse minha, mas que peçam pra eu contar de novo.Quero lembrar , lembrar e lembrar até...até que as páginas deste livro também se desmereçam como nossos cabelos e mãos e rosto com o tempo e alguém, que por este livro passe, assim quase ao acaso, caia na sandisse de abri-lo e abrindo caia na loucura de lê-lo e lendo sinta uma nostalgia deliciosa daquilo que nunca viveu.Incrível, hoje ocupando teu lugar ao lado da porta do banco, jaz teu retrato em um aviso funerário, as pessoas, sabe como são, passam e nem notam que é você, que se foi, muitos nem a conheceram na foto, tão diferente, como a maioria das fotos que as pessoas escolhem para os avisos fúnebres e para as lápides.Ah Flor, se soubesse que ias estar lá eu iria consolar-te em teu velório e dar o braço para sustentar-te em teu cortejo, mas não vais estar e sequer conheci algum parente teu. Tu eras assim, um pouco de todos, bem que podiam ter cuidado melhor de você, eu mesma, mas agora é tarde, na verdade sempre parece tarde quando nos damos conta do que deixamos de fazer e cedo demais quando partem as pessoas pelas quais pouco ou quase nada fizemos.Mas, enfim, tiau, vai em paz, de minha parte vou tentar não te esquecer, tá bom assim? Já sei, vai ficar lá na caixinha azul da minha infância, pois a menina que mora em mim é muito melhor do que eu, ela vai cuidar de você.Vou te colocar sentadinha junto a um monte de gente que amei e já se foi, no lugar de destaque das minhas lembranças, numa espécie de pódio que inventei.Vai pra ti um beijo assoprado para que o ar carregue e um dia chegue a você.

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