O mesmo ambiente branco de hospital, os mesmos sentimentos confusos e o
inesgotável desejo de dizer-te, dizer-te tudo e nada. So´a mulher que assistia
não era a mesma de 16 anos atrás, já estava beirando os 50 e ainda assim não
tinha aprendido a sofrer. Na cama também era outra, não a jovem de 31 anos, mas
a senhora de 64, ambas únicas, ambas especiais, ambas indispensáveis.
Cama
rodeada novamente por tuas meninas, a espera de uma melhora, a espera de uma palavra, a espera de
um recomeço,a espera...e a música dizendo...e quem irá dizer que não existe
razão...nas coisas feitas pela coração. E era só coração naquele quarto, só
coração em nossos peitos, nela, no monitor refletindo
batidas...descompassadas...fortes, fracas....nunca solitárias...nunca.
Olhando as fotos
vejo tantas mulheres diferentes em você e tantas mulheres iguais a tantas
outras. Amenina com a criança nos braços, a jovem tentando adequar-se a uma
vida de senhora, a senhora que ainda queria ser menina, a menina que tinha
bonecas de verdade, a mulher que queria ser vista, valorizada, amada, acho que
também, cuidada.
Via confusão de pensamentos, nunca vi medo em nenhum
desses rostos... vi alegria, vontade de viver, esperança, força. Teu nome era
Rosalva, mas era também Perseverança, com todos os atributos que a palavra
traduz...longa esperança...esperança que não acaba...esperança que é forte e
que persiste.Como queria traduzir-te...não posso.