segunda-feira, 23 de junho de 2014

Traduzir-te

    O mesmo ambiente branco de hospital, os mesmos sentimentos confusos e o inesgotável desejo de dizer-te, dizer-te tudo e nada. So´a mulher que assistia não era a mesma de 16 anos atrás, já estava beirando os 50 e ainda assim não tinha aprendido a sofrer. Na cama também era outra, não a jovem de 31 anos, mas a senhora de 64, ambas únicas, ambas especiais, ambas indispensáveis.
 Cama rodeada novamente por tuas meninas, a espera de uma melhora, a espera de uma palavra, a espera de um recomeço,a espera...e a música dizendo...e quem irá dizer que não existe razão...nas coisas feitas pela coração. E era só coração naquele quarto, só coração em nossos peitos, nela, no monitor refletindo batidas...descompassadas...fortes, fracas....nunca solitárias...nunca.
   
   O rosto era o mesmo, mas a vida não era a mesma, cada parte do teu corpo era o mesmo, mas inerte.Nada,absolutamente nada a fazer, nem mesmo gritar, absorver o silêncio das palavras que não foram ditas.
   Olhando as fotos vejo tantas mulheres diferentes em você e tantas mulheres iguais a tantas outras. Amenina com a criança nos braços, a jovem tentando adequar-se a uma vida de senhora, a senhora que ainda queria ser menina, a menina que tinha bonecas de verdade, a mulher que queria ser vista, valorizada, amada, acho que também, cuidada.
Via confusão de pensamentos, nunca vi medo em nenhum

 desses rostos... vi alegria, vontade de viver, esperança, força. Teu nome era Rosalva, mas era também Perseverança, com todos os atributos que a palavra traduz...longa esperança...esperança que não acaba...esperança que é forte e que persiste.Como queria traduzir-te...não posso.


Minha mãe

    Minha mãe era apenas 14 ou 15 anos mais velha que eu, meio mãe, meio irmã mais velha. Às vezes brigávamos, às vezes competíamos, às vezes colocávamos a culpa de algo errado uma na outra, ficávamos de cara amarrada, ficávamos de mal, mas como é com todas irmãs fazíamos sempre as pazes, mas como é com mãe e filha sempre havia perdão e amor incondicional. 
   Minha mãe como toda a mãe, era a melhor do mundo, mas era ímpar em alguns aspectos, era forte, guerreira, invencível. Muitos podem pensar, mas não venceu a morte, mas há coisas pelas quais vale a pena sermos vencidos. 
   Penso que voltou pra casa, temos que ter a grandeza de entender que essa é nossa hora de abrirmos mão, hora de deixar partir, hora de voltar para casa. Lá no céu, sobretudo tem nosso Pai, nosso irmão querido que deu sua própria vida por nós, mas tem meu pai,um marido que partiu com 41 anos; minha irmã, uma filha que partiu aos 31, partiram tão precocemente. Lá se Deus quiser ela vai reencontrar seus pais, um pai querido e amigo que lhe amou tanto e uma mãe forte e guerreira como ela que a deixou ainda menina, seu irmão Lori que foi um filho e que morreu também tão cedo. Uma família com histórias de mortes tão prematuras como a nossa, mas que marcou essa terra com suas presenças e suas histórias de vida. 
   Penso, é claro que ficamos com um vazio enorme, é claro que não será fácil viver os próximos tantos dias que teremos, mas essa mulher me ensinou tanto, de tanto, de tanto. Me deu o privilégio de ser a primeira, de ter tido mais tempo com ela, tempo que depois as outras recuperaram. Foram dias de meninice acompanhando seus sonhos e suas derrotas e vitórias,sua gravidez, uma a uma e a chegada de suas meninas, as quais ela amou com amor profundo e cuidou como faz uma verdadeira mãe.
São tantas as histórias que ela desejou escrevê-las todas, mas que o faz e fará através de mim e quem sabe dos netos e quem sabe das filhas e quem sabe de todos nós que continuaremos a escrevê-las um dia após o outro.

Rosa Alva

Mãe, se a vida fosse um barco e você uma navegante,
certamente estaria na proa, recebendo toda a brisa do mar,
mas também o açoite das ondas
Sentindo o frescor do vento manso em teus cabelos, caracóis,
mas também o cortante das tempestades.
Esse barco que é a vida, balança, balança, agita-se,
quer naufragar
Mas o mais extraordinário em ti,
é que te manténs em pé, sem recuar,
Sabendo que Aquele que está no leme
é quem garante tua chegada a um porto seguro.
-2007-


sexta-feira, 1 de março de 2013

Um pardal que se banha nos restos de chuva da noite passada
um cego que caminha ao sol da manhã, depois da chuva
Eu, aqui tentando orar, tentando te buscar desesperadamente...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

FRASES DO LIVRO "O PEQUENO PRINCÍPE"


FRASES DO LIVRO O PEQUENO PRÍNCIPE – ANTOINE DE SAINT- EXUPÉRY – EXTRAÍDAS EM 1984, QUANDO LI PELA PRIMEIRA VEZ


As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando.

Tive assim, no correr da vida, muitos contatos com muita gente séria. Vivi muito no meio de pessoas grandes. Vi-as muito de perto. Isso não melhorou, de modo algum, a minha antiga opinião.

Vivi, portanto só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar.

Mas ninguém lhe dera crédito, por causa das roupas que usava. As pessoas grandes são assim.

O astrônomo repetiu sua demonstração em 1920, numa elegante casaca. Então, dessa vez todo o mundo se convenceu.

Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial.

Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...

-Então...para que servem os espinhos?

-Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém.

-Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: “Minha flor está lá, em algum lugar...”

-É tão misterioso o país das lágrimas!

Mas aquela brotara um dia de um grão trazido não se sabe de onde, e o principezinho vigiara de perto o pequeno broto, tão diferente dos outros.

Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras.

Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores!

Mas eu era jovem demais para saber amar!

É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.

Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...

Mas o principezinho se espantava. O planeta era minúsculo. Sobre quem reinaria o rei?

É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.

É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, és um verdadeiro sábio.

Porque, para os vaidosos, os outros homens são sempre admiradores.

Após cinco minutos de exercício, o principezinho cansou-se com a monotonia do brinquedo.

Mas o vaidoso não ouviu. Os vaidosos só ouvem os elogios.

Pois a gente pode ser, ao mesmo tempo, fiel e preguiçoso.

...e o dia durará quanto queiras.

Talvez porque seja o único que se ocupa de outra coisa que não ele próprio.

Era o único que eu podia ter feito meu amigo.

Minha flor é efêmera, disse o principezinho, e não tem mais que quatro espinhos para defender-se do mundo! E eu a deixei sozinha!

Elas julgam ocupar muito espaço.

As estrelas são todas iluminadas...Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua?

Tive dificuldades com uma flor.

O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.

No meu planeta eu tinha uma flor, e era sempre ela que falava primeiro.

Que quer dizer “cativar”?... Significa “criar laços”.

Mas se me cativares minha vida será como que cheia de sol.

Os outros passos me fazem ficar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música.

Os campos de trigo não me lembrar coisa alguma. E isso é triste!

Quando tiveres me cativado, o trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A gente só conhece bem as coisas que cativou.

É preciso ser paciente.

A linguagem é uma fonte de mal entendidos.

Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

-Ah!Eu vou chorar.

...eu não te queria fazer mal, mas tu quiseste que eu te cativasse...

Tu compreenderás que a tua é a única no mundo.

Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.

Sois belas, mas vazias.

Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

-Nunca estamos contentes onde estamos – disse o guarda-chaves.

-Só as crianças sabem o que procuram.´

-É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer.

-As estrelas são belas por causa de uma flor que não se vê...

...no silêncio, alguma coisa irradia...

-O que torna belo o deserto ...é que ele esconde um poço em algum lugar.

Minha casa escondia um tesouro no fundo do coração...

...o que faz a sua beleza é invisível!

...o que eu vejo não é mais que uma casca. O mais importante é invisível...

É preciso proteger as lâmpadas com cuidado: um sopro as pode apagar...

Era boa para o coração, como um presente.

- Os homens do teu planeta – disse o principezinho – cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...

- E no entanto o o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d’água...

-Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração...

A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...

E eu compreendi que não podia suportar a idéia de nunca mais escutar esse riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto.

- O que é importante, a gente não vê...

-E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto...

E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tanta importância!