Minha mãe era apenas 14 ou 15 anos
mais velha que eu, meio mãe, meio irmã mais velha. Às vezes brigávamos, às
vezes competíamos, às vezes colocávamos a culpa de algo errado uma na outra,
ficávamos de cara amarrada, ficávamos de mal, mas como é com todas irmãs
fazíamos sempre as pazes, mas como é com mãe e filha sempre havia perdão e amor
incondicional.
Minha mãe como toda a mãe, era a melhor do mundo, mas era ímpar
em alguns aspectos, era forte, guerreira, invencível. Muitos podem pensar, mas
não venceu a morte, mas há coisas pelas quais vale a pena sermos vencidos.
Penso que voltou pra casa, temos que ter a grandeza de entender que essa é
nossa hora de abrirmos mão, hora de deixar partir, hora de voltar para casa. Lá
no céu, sobretudo tem nosso Pai, nosso irmão querido que deu sua própria vida
por nós, mas tem meu pai,um marido que partiu com 41 anos; minha irmã, uma
filha que partiu aos 31, partiram tão precocemente. Lá se Deus quiser ela vai
reencontrar seus pais, um pai querido e amigo que lhe amou tanto e uma mãe
forte e guerreira como ela que a deixou ainda menina, seu irmão Lori que foi um
filho e que morreu também tão cedo. Uma família com histórias de mortes tão
prematuras como a nossa, mas que marcou essa terra com suas presenças e suas
histórias de vida.
Penso, é claro que ficamos com um vazio enorme, é claro que
não será fácil viver os próximos tantos dias que teremos, mas essa mulher me
ensinou tanto, de tanto, de tanto. Me deu o privilégio de ser a primeira, de
ter tido mais tempo com ela, tempo que depois as outras recuperaram. Foram dias
de meninice acompanhando seus sonhos e suas derrotas e vitórias,sua gravidez,
uma a uma e a chegada de suas meninas, as quais ela amou com amor profundo e
cuidou como faz uma verdadeira mãe.
São tantas as histórias que ela desejou
escrevê-las todas, mas que o faz e fará através de mim e quem sabe dos netos e
quem sabe das filhas e quem sabe de todos nós que continuaremos a escrevê-las um dia após o outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário